Quando me vires, faz-me um sinal...

Perdido no espaço, no tempo e no ser, procuro em mim a razão do acontecer (ou melhor, do não acontecer), imagino o teu olhar, aquele que nunca vi… Nunca assim olhaste para mim… ai… como eu queria que me olhasses dessa forma… A tal forma… Aquela com que só os especiais se entreolham… Ai! Tomara eu ser o especial que te entreolhava dessa forma!
Mas fico aqui neste canto esperando o momento em que possa sê-lo, ou me deixes sê-lo! Vislumbro-te ao longe e sorrio, vejo-te em passo apressado, como sempre a vires em minha direcção, abro-te os braços para te abraçar com o meu sorriso e o olhar, mas passas por mim num rompante sorrindo para um outro estranho que está atrás de mim… Fico ali… É hábito já…
Espero-te, desta vez é por mim que corres, chegas junto a mim e entreolhamo-nos, os olhos faíscam e as palavras… essas não saem… Mas também, nada há a dizer porque nós já o sabemos… Os olhares congelaram, bem no fundo… e os lábios vão cedendo à tentação… Encontram-se e dá-se aquele momento que há tanto tentávamos evitar… O Mundo parou à nossa volta! Nada mexia, nem os pássaros no ar… até o mar ao fundo parecia ter parado de correr...
Voltamos ao mundo real, a cidade continua a mexer, os pássaros no ar, os carros a zumbir por todo o lado… e nós!? Nós continuamos na mesma, ignorando a existência um do outro…
Corro por aquela viela e passo por ti, desta vez era eu que corria contra o tempo e contra o destino, olhei-te e esboçaste um sorriso, quis parar e dizer-te um olá, entregar-te um beijo e o meu coração, mas as pernas não pararam e seguiram em frente! Tentei esboçar o teu retrato, mas só me saiam palavras vãs, sentimentos preenchidos e razões vazias! Queria sonhar contigo e ter-te por perto… O Destino não deixou… fiquei por ali uma e outra vez à espera que passasses de novo… Não te vi… Tu viste-me!?
Quando me vires faz-me um sinal, dá-me um sorriso, ou um beijo, eu farei o mesmo!