domingo, 20 de setembro de 2009

devaneio!?!

Passei por uma viela, era escura e o ar era pesado, procurava algo que nem eu sabia bem o que seria. De relance vi uma porta entreaberta e um impulso ou algo sobrenatural, me empurrou para aquele espaço contíguo. Olho em volta, está escuro, mais do que na rua! Puxo de um cigarro para aquecer, e na esperança que a luz do isqueiro não revele algo que não queira ver. Oiço música distante, vinda daquele gaveto onde estou, a luz do isqueiro revela uma placa, algo há por detrás daquelas paredes, mas o receio do inesperado e a adrenalina de nada saber aguçam-me o apetite ao mesmo tempo que me paralisam as pernas.
Venço os receios e subo aquelas escadas, era o meu dia de folga, ninguém me esperava em lado algum, e queria experimentar algo de novo. Subo as escadas algo a medo, a madeira range e assusto-me, vejo uns olhos vermelhos hesitantes na minha frente e finjo ignorar tal ser. A música sobe de tom, estou por perto, é certo. Interrogo-me o que me terá levado até ali, mas continuo!
Chego a um patamar, há uma porta novamente entreaberta, é vermelha. A luz é parca, reparo nas velas em cima da mesa, pelo chão como num corredor, acabando junto a uma varanda. Vou entrando sem pedir licença, oiço uma voz feminina confundida com a música, tento chamar a atenção mas nada muda. Continuo a seguir o corredor de velas e a música, e sinto um aroma doce e suave que adensa o mistério. Interrogo-me o que me esperará do outro lado da música.
Paro! A música pára e vejo um vulto a vir em direcção a mim, sobressalto-me e vejo-te sorridente e animada correndo para meus braços. Tento ver a tua face, descobrir quem és, mas em vão. Sinto-me despertar, algo em mim acordou e o sonho esvaiu-se em fumo, tudo era alucinação! Ninguém me esperava, não havia música, não havia mulher, havia sim a viela escura onde fui esfaqueado e o sabor acre do meu próprio sangue, libertei-me do meu corpo e vejo-me deitado agora naquele espaço que é deserto e só as sirenes acordam!

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